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Preços do milho sofrem queda em julho

Tendência é de recuperação no segundo semestre


Foto: Nadia Borges

Os preços pagos aos produtores de milho em Santa Catarina sofreram uma queda de 1% em julho, reflexo da intensificação da colheita da segunda safra nas principais regiões produtoras do país, conforme revela o Boletim Agropecuário de agosto do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa). Entretanto, os primeiros dias de agosto mostraram uma retomada na alta dos preços, indicando uma possível recuperação que poderá se intensificar no segundo semestre.

Segundo o Boletim Agropecuário, em julho, o mercado do milho foi amplamente influenciado por fatores de baixa, principalmente devido ao aumento da oferta de grãos decorrente da colheita da segunda safra no Brasil. No entanto, alguns fatores de alta também começaram a se destacar em agosto, como a redução da área de cultivo nos Estados Unidos, estimada em 33,58 milhões de hectares, conforme o relatório de 12 de agosto do USDA. Essa redução, somada à disputa sazonal entre indústrias de carne e exportadores de milho no Brasil, pode sustentar a elevação dos preços no segundo semestre.

Apesar desses fatores de alta, o mercado global continua a observar a boa condição das culturas de milho nos Estados Unidos, que avançam bem na floração e prometem bons rendimentos. O último relatório do USDA, inclusive, elevou a previsão de produção da safra americana para 384,74 milhões de toneladas, um aumento de 1 milhão de toneladas em relação ao mês anterior.

No Brasil, as exportações de milho em julho ficaram 25% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, influenciadas pela variação cambial e os prêmios nos portos. Esse cenário pode se reverter no segundo semestre, impulsionado por uma recuperação nas exportações.

A safra 2023/24 em Santa Catarina registrou uma redução significativa de 8,7% na área de cultivo e de 24,7% na produção, resultando em 712 mil toneladas a menos em comparação à safra anterior. Condições climáticas adversas, como excesso de chuvas e baixa luminosidade, além do ataque de pragas como a cigarrinha, contribuíram para essa queda. A área cultivada diminuiu expressivamente em cerca de 30 mil hectares, com muitos produtores migrando para a soja, considerada mais rentável e resistente às adversidades climáticas.

A cultura do milho em Santa Catarina enfrenta desafios adicionais devido ao aumento dos custos de produção e à incidência de pragas, fatores que estão desestimulando o cultivo do cereal. O programa Terra Boa, que oferece incentivos para a correção do solo e o uso de sementes, entre outras ações, vem sofrendo uma redução na quantidade de sementes distribuídas, refletindo uma diminuição no interesse pelo cultivo do milho no estado.

O déficit de milho para suprimento das agroindústrias catarinenses, que foi de 5,3 milhões de toneladas em 2023, deverá aumentar em 2024. Esse déficit tem sido compensado por importações interestaduais, principalmente do Mato Grosso do Sul e Paraná, além de importações internacionais, com destaque para o Paraguai, devido ao custo competitivo do frete. Com a recuperação da safra argentina, o país vizinho também poderá se tornar uma fonte importante de abastecimento para Santa Catarina.

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